terça-feira, junho 19, 2012

(Im)perfeições

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
Arnaldo Jabor

Deve ser por isso que é tão difícil destacar qualidades, e tão simples mencionar defeitos. Geralmente, quanto mais defeitos a pessoa tem, e mais defeitos a gente aprende a aceitar, mais consistente tende a ser o sentimento.
Porque a gente se molda de acordo com os defeitos do outro. Aceita, modela, passa por cima. Ignora. E se a gente é capaz de fazer isso é porque é forte. De verdade.
Porque amar qualidades é fácil demais, não dá mão-de-obra nenhuma, é simples. E embora as coisas simples sejam encantadoras, as complexas são mais saborosas. E selecionar todos os defeitos daquela criatura que te faz prender a respiração, tira o chão dos seus pés e te bota de cabeça pra baixo, elencar cada um deles, driblar, aceitar e perdoar... ah, isso é complexo.
A gente não se apaixona por qualidades. A gente se apaixona por defeitos que nos fazem passar tanto tempo cuidando, entendendo, perdoando, moldando, que quando vamos ver, são os nossos defeitos. Nossos porque a gente precisou lidar com eles, por vezes, mais que a outra pessoa. Nós adaptamos os defeitos e nos adaptamos aos defeitos, e quando vamos ver, é amor.
Por isso é tão fácil amar aquela pessoa que tende a ser a maior dor de cabeça. Porque, no fim das contas, a dor de cabeça se torna uma nova certeza que pode ser muito bonita. E essa dor dói e dói e dói mais uma vez, mas o depois, o descansar a cabeça no travesseiro tendo a certeza do outro, com todos os defeitos que são só dele e que o tornam A pessoa, valem a pena demais.

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